Estive por horas sentada no desdenho de uma cadeira de baloiço. Ouvi por várias vezes aquela desdita voz, por vezes embaraçosa, que sempre me gritara "Nunca discutas com um cretino, ele fazer-te-à descer ao nível dele e vencer-te-à em experiência". Decidi - orgulhando-me permanentemente da minha racional decisão - permanecer na minha fantasiosa mas ainda assim quente paz interior, na vergonha do balançar. Com os meus quinze anos devia já ter a capacidade de me tornar senhora, dizia aquela mesma voz terrivelmente irritável. Mas a minha infindável paixão pela vida dizia que se um dia a entidade mais superior da nossa existência, tida por Deus, nos criou, não pensou em saiotes, saltos de alta envergadura ou atrocidades semelhantes a água de rosas. Por sua vez, avó, a espontaneidade do balancé é-nos inata.
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