Sentavamo-nos e levemente, como se de algo extremamente valioso se tratasse, passavas a mão pelo meu cabelo. Relembro a quente expressão com que o fazias. O tom de meia luz embatia-te no rosto e tornava-te puro. E então disseste-me: É preciso pedir-te em namoro?! A fúria disfarçada com que por vezes me acariciavas o rosto não me assustava. Eras vazio. Tudo o que para ti era destinado - sendo eu a maioritária autora desse todo - ressoava no teu próprio corpo. Eras frio, profundo. Mas perdão, vazio não eras. Simplesmente te preenchias de sentimentos negros. Que engolias. A ti e a eles. Engolias-te. Enrolavas-te em ti próprio. Chamava-te fúria. Nó de fúria. E apaixonava-me por ti, a cada dia, a cada hora.
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